Pensar em si

setembro 06, 2020

 


Outro dia fui ver o que as cartas do tarot revelariam sobre minha vida.

Não sei se vocês acreditam em tarot ou não, cada um tem seus motivos, mas, coincidência ou não, ele sempre acerta coisas sobre a minha vida. Coisas que eu nem imaginava. O mais legal do tarot pra mim é isso: as cartas veem o que nem eu enxerguei antes.

Mas não é sobre as cartas e o que foi revelado nelas que eu vou falar neste texto.

O que precedeu o resultado foi o mais marcante daquele dia. Quando foi mexer no baralho, minha amiga disse: “eu quero que você sente em uma posição confortável e imagine sua vida, e peça pro tarô que te mostre uma resposta que lance luz sobre seus processos”. Ela falou que mentalizar é essencial para essa conexão, e então pensei “não posso falhar, tenho que manter o foco”.

Me sentei na posição confortável (que depois de um tempo não ficou mais confortável assim) e comecei a repassar os últimos acontecimentos, alegrias e angústias na minha vida.

Tudo começa com “minha vida nem é interessante, não tem nada acontecendo”. Isso não é regra, mas pelo que já observei de muitas pessoas, a gente tem uma certa tendência a minimizar nossos acontecimentos.

Conforme você começa a revisar tópico por tópico, você vê que não é bem assim. Fiquei surpresa quando me dei conta de quanta coisa acontece comigo diariamente e ainda assim parece tudo meio monótono.

Mas nem todos os acontecimentos são no plano físico e isso é algo meio desconsiderado quando a gente pensa na vida. Você pode passar um dia fazendo nada e com um turbilhão de sentimentos, dúvidas, desejos, receios e o pacote completo de Divertidamentes correndo e gritando na sala de controle dos seus pensamentos.

Mas a gente não para e pensa em si muitas vezes. Isso é trabalhoso, leva tempo, exige concentração. Quando fui levada a pensar em mim como uma missão para que as cartas me mostrassem o resultado correto, encarei isso como uma lição de casa.

Eu me obriguei a pensar em mim. E isso é desconfortante.

Vem uma distração qualquer e você tenta manter o foco. Vai para um lado e para o outro sem conseguir se aquietar em um canto. Batuca os dedos, morde o lábio, parece que o tempo demora bem mais de passar.

Você se corrói para ao ímpeto de pegar seu celular. Uma vez lembro que vi um vídeo da Jout Jout que ela falava sobre o mesmo tema. Ela dizia que sempre éramos levados a pegar o celular, a ler um livro ou a fazer qualquer coisa quando estamos sozinhos para coisas como esperar sua senha ser chamada no banco.

Porque ficar sozinho com os próprios pensamentos é chato. Não vou mentir. Mas é de um autoconhecimento impressionante.

Por mais que a gente pense na vida no banho, ou no ônibus, ou na fila do banco, há sempre outras coisas para ficar atento.

Nesse dia, eu não só pensei em acontecimentos, como eu fiz um balanço geral da minha vida. O que está acontecendo comigo agora? Quais são minhas prioridades no momento? O que eu desejo? Como eu estou me sentindo? O que me aflige?

Depois de alguns minutos gigantescos, aconteceu uma coisa muito, mas muito bizarra.

Eu comecei a tirar várias conclusões. Não só do que está acontecendo agora. Mas da minha vida, da minha personalidade, de muitas coisas. Ah, então é isso que acontece quando você não foge dos seus pensamentos? Que louco, não é?

E então depois eu consegui entender tudo que as cartas queriam dizer para mim. Mentalizar não era importante apenas para o resultado, mas também para sua interpretação.

Não só na interpretação das cartas, mas da vida.

Vou passar um tempinho sem conseguir analisar minha vida dessa forma, mas esse momento consegue impactar um longo período.

Talvez eu tenha esperado ficar nervosa para fazer essa retrospectiva da minha vida e por isso foi incômodo. Tem coisas que só conseguimos contar para nós mesmos, por isso um feedback sobre a própria existência é tão importante.

Portanto, convoco você que está lendo esse texto a tirar um tempo para pensar em si. Quem sabe ter alguma ideia, fazer alguma descoberta.

Pois, afinal, você sabe mesmo o que está ocorrendo dentro de você?

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