Crônica que não pede licença

abril 25, 2021

 


Eu gosto de fazer playlists com músicas para situações e sentimentos específicos. Uma dessas é a playlist de "músicas que me dão vontade de amar”. Inclusive, estou ouvindo essa seleção agora enquanto escrevo esse texto.

Não vou divulgar a playlist e nem vão encontrar já que ela não está pública. Isso porque o nome já explica: músicas que ME dão vontade de amar. Talvez você não sinta o mesmo, o “desejo de amar” é pessoal e intransferível. Por isso, ao contrário do texto anterior, não vou indicar uma música para o momento. Deixo a seu critério escolher ouvir algo que te faça sentir tais sentimentos. Ou até mesmo para ler em silêncio, não escolher é sempre uma possibilidade.

Mas, voltando ao que estava falando, o que exatamente há nessas músicas? A resposta é: nada de mais!

Poderia ser a melodia, a letra, a voz ou qualquer coisa, mas há músicas que eu gosto muito mais que que não me fazem ter essa sensação. No livro Que emoção! Que emoção?, Georges Didi-Huberman fala sobre o espanto de quando uma emoção recai sobre nós, sempre sem aviso. Após o espanto, a exclamação, ele começa a se questionar de onde surgiu tal sentimento, como, quando e por quê.

Isso funciona para o que estou falando aqui também. Quando ouço a playlist, ou assisto a um filme, ou vejo uma imagem, enfim, sou invadida por um sentimento que não sei de onde veio. E me espanto, sim, me espanto, assim como estou espantada em relação ao fato de estar falando de amor dessa forma no blog.

Assim que comecei a escrever, pensei “eu realmente quero falar disso? Sempre evitei falar de amor aqui”. Foi depois de vagar pelos meus próprios escritos que vi que estava enganada, sempre falei de amor. Não da forma romântica como estou, mais ou menos, falando agora, pois esse nunca foi o foco os meus textos e creio que nem será daqui em diante. No entanto, falo de amor em todos os momentos.

Quando falo das tralhas que acumulei porque não quero desapegar, quando descrevo um momento, um cenário, quando falo das minhas amizades, até nos surtos comuns a todos os escritores. Tudo isso é amor.

Essas imagens que seguem abaixo deste parágrafo, por exemplo, são de momentos que eu estava amando. Vocês veem semelhanças nelas?














Eu não vejo tantas semelhanças objetivas, para ser bem sincera. Talvez só nas imagens em que há paisagens, mas todas representam momentos tão diferentes. Quando fui pesquisar por fotos que me trouxessem esse sentimento, fotos em que eu pensei “neste exato momento eu estava amando”, não havia nenhum termo na ferramenta que busca que me ajudasse a encontrar o que eu procurava.

Não posso digitar "fotos em que eu estava amando" no Google Fotos. Não há nem um mecanismo objetivo que que me permita explicar como uma emoção invade. Isso vale para as músicas, para as fotos e para a maioria dois coisas. Pois não se trata de objetividade, se trata de preencher de lirismo e poesia as lacunas da vida e a essência dessa obra.

A essência de todas as minhas obras provavelmente é o amor. Mesmo que de forma distinta, implícita ou até mesmo indecifrável.

 

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